MARIANA REGINA, A PRIMEIRA ÁRBITRA A DIRIGIR UM JOGO DO CAMPEONATO POTIGUAR DE FUTEBOL PROFISSIONAL MASCULINO

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

MARIANA, ÁRBITRA CBF, APITA JOGO HISTÓRICO E ENVIA SÚMULA EM MENOS DE 30 MINUTOS

 



Um marco na história das meninas que apitaram, pela primeira vez, um jogo do Campeonato Potiguar da Primeira Divisão. Mariana, Luciana, Edilene e Alciney entraram nesta quinta-feira (09/01/2020), no grande livro de histórias do futebol norte rio-grandense. O quarteto apitou o jogo entre ASSU e Potiguar, no Estádio Edgarzão. 

A partida foi tranquila e para o cel. Ricardo Albuquerque é uma felicidade muito grande ver que todos deram conta do recado, "eu tinha certeza que elas iriam representar muito bem o quadro feminino. A escala foi feita pela competência e trabalho desenvolvidos nas competições estaduais. Elas chegaram até aqui porque mereceram e mais uma vez desempenharam um belo trabalho". Afirmou o presidente da Comissão de Arbitragem da FNF.

A arbitragem do jogo não gerou dúvidas para os torcedores, jornalistas ou jogadores. As meninas apitaram bem, foi uma partida muito segura e souberam aplicar muito bem a regra do jogo. Além de tudo isso, elas bateram o recorde no tempo de envio da súmula de jogo online e mandaram o documento para o site da FNF em menos de 30 minutos. 

"Eu procuro sempre fazer o meu melhor dentro de campo e estou sendo agraciada por todo aprendizado que foi colocado em prática em uma partida de suma importância para a minha carreira", disse Mariana, árbitra do quadro da Confederação Brasileira de Futebol.

Foto: Assessoria / FNF

MARIANA REGINA DE PAIVA OLIVEIRA

 



A PRIMEIRA ÁRBITRA A DIRIGIR UM JOGO DO CAMPEONATO POTIGUAR DE FUTEBOL PROFISSIONAL MASCULINO

Natural de Monte Alegre, município da Grande Natal, Mariana Regina tem 29 anos e está na arbitragem há pouco mais de um ano. Em 2019, apitou a final do Campeonato Potiguar Feminino entre Cruzeiro-RN e União, na Arena das Dunas. Ela também atua em campeonatos masculinos no futebol amador, nas categorias de base, no fut7, e, agora, terá a primeira oportunidade no futebol profissional.

Demorou, mas chegou a hora delas. Ou dela. Mariana Regina de Paiva Oliveira foi  a primeira árbitra a dirigir um jogo do Campeonato Potiguar de futebol profissional masculino. Ela não conteve a emoção e chorou quando recebeu a escala de arbitragem para comandar Assu x Potiguar, duelo pela segunda rodada da competição. A partida será nesta quinta-feira, às 20h, no Estádio Edgarzão, na cidade de Assú.

Mariana conta que recebeu o incentivo da família e de um amigo árbitro. “Nildo, lá de Arez me incentivou muito”, conta. Para ela, cada jogo é uma grande emoção. “É uma sensação única inexplicável. Nesses três anos de arbitragem a cada jogo que eu tenho a oportunidade de apitar é uma emoção que sinto. Graças à Deus tive muito jogos importantes na minha vida, mas o primeiro jogo profissional sempre vai ser o inesquecível, pois ter a primeira oportunidade de trabalhar em um grande jogo, é uma coisa maravilhosa que eu senti. Meu primeiro jogo profissional foi no ano de 2020 no estado Edgarzão Jogo Assum 0X0 AC potiguar, no dia 09/O1/2020”, relembra.

FONTE – TRIBUNA DO NORTE

 



Mariana Regina de Paiva, 31 anos, cresceu em Monte Alegre, região metropolitana de Natal, Estado do Rio Grande do Norte Embora nascida na capital, aos três anos foi morar com sua avó materna na cidade que tem pouco mais de 20 mil habitantes. A família é grande, ao todo são 12 irmãos, e boa parte vivia com sua mãe, Maria da Soledade, após a separação dos pais. Ela brinca que formou um time de futebol em casa. Do total, dois deles tinham sido colocados para adoção. Seu pai Manoel lidou por anos com o alcoolismo e cometeu suicídio quando ela tinha seis anos. Mariana não tem muitas lembranças dele

A vida não era fácil. Mesmo com sua mãe e irmãos vindo morar em Monte Alegre, passaram por muitas dificuldades. A avó, Maria Regina, era agricultora e, desde cedo, Mariana aprendeu a ajudar na colheita e vender verduras na feira da cidade aos sábados. “Hoje, minha vida está perfeita, mas aquele tempo de criança foram os melhores momentos”, diz, apesar das dificuldades da infância. “Eu fico um pouco emocionada, porque minha avó sempre foi a minha vida. É a mulher que eu mais amo neste mundo. Se hoje eu sou quem eu sou, devo a ela, que Deus a tenha. Foi quem me criou e me ensinou a sempre ter o pé no chão. Nunca vou esquecer a minha raiz, por mais que a vida me leve nas alturas”, comenta

Mari, como é chamada, sempre foi uma criança muito ativa, amava brincadeiras e qualquer coisa relacionada a esportes. A avó costumava dizer que ela era a peste da escola. “Eu gostava de brincar de tudo, era a única jogando futebol no meio dos meninos, porque você não via mulher jogando naquele tempo. Fui nessa fase até os 15 anos. Quando eu tinha 14, veio um treinador de Parnamirim e perguntou no centro de Monte Alegre se tinha alguma menina que jogava futebol por aqui. Todo mundo me indicou”, lembra. Com isso, recebeu o convite para treinar com a equipe feminina do Sport Club Parnamirim, mas as dificuldades financeiras pesavam na decisão. Além de vender os produtos na feira, também precisavam plantar para ter o que comer em casa. “A gente já ajudava na roça desde pequeno, porque senão não tinha. Acredito que para estar aqui hoje, tive que passar por tudo aquilo para realmente valorizar a vida que a gente tem, entende? Se tem uma coisa que eu aprendi é que nada vem fácil”, avalia

Mesmo assim, fez esforço para continuar jogando, com o sonho de seguir nesse caminho profissionalmente. Já trabalhava desde os nove anos de idade, tanto na roça, quanto como babá para crianças da região. Mariana conta que nunca dependeu de seus familiares, por exemplo, para comprar material escolar. Por ser desenrolada e simpática, era a melhor vendedora da feira de Monte Alegre e nunca deixou de trabalhar desde então. Foi com essa renda que pagou as passagens de ônibus para começar sua carreira no time de Parnamirim.

Seu espelho era o irmão mais velho, André, que também jogava futebol. Quando o via em ação, pensava em fazer aquilo da mesma forma. O apoio da família, inclusive de primos e conhecidos, fortaleceu esse desejo. Ela brinca que, dos 12 irmãos, dez jogavam bola e os outros dois só não o faziam porque não tinham coordenação para isso. “Eu jogava em qualquer posição, mas sempre fui ‘fominha’ de não tocar a bola para ninguém, aquela craque. Por isso, acredito que nasci com o dom do futebol, na minha família também só tem jogador bom”, diz.

Esse novo sonho se fortaleceu quando, aos 15 anos, foi descoberta por um profissional do ABC Futebol Clube e recebeu um convite para jogar pela equipe principal, na qual obteve bom desempenho. Por lá, conseguiu auxílio para custear as passagens de ida e volta para sua cidade. No entanto, a experiência não foi livre de frustações. A jovem recebeu propostas para jogar em times fora do estado, mas nunca teve a liberação necessária de seus treinadores, o que a prendeu aqui.

Saiu do ABC para jogar na equipe do América Futebol Clube, onde trabalhou ao lado de Miraildes Maciel, a Formiga, lendária volante da seleção brasileira, e foi campeã estadual em 2012. Apesar disso, teve mais decepções quanto à liberação para jogar fora do estado, em São Paulo, e até uma oportunidade na Itália. Também tinha a responsabilidade de ser cuidadora de seus bisavós em Monte Alegre e parou de jogar logo após o campeonato, mesmo com passagens posteriores no Ateneu União Esporte e no Cruzeiro de Macaíba, onde lesionou o joelho

TÉCNICA E ÁRBITRA


Com o fim de sua carreira profissional, a rotina voltou a envolver apenas o trabalho como babá, as atividades na roça e como cuidadora de idosos no final de semana. Ao voltar definitivamente para Monte Alegre, teve a iniciativa de montar um time feminino na região e assumir o papel da treinadora da equipe.

Hoje, Mariana é funcionária pública da Prefeitura no cargo de subcoordenadora de esporte. “Começamos com só três atletas, mas apareceram mais meninas e chegamos a 30 integrantes. Tive, então, uma chance na área do esporte e trabalhei em escolas como assistente dos professores de Educação Física. O esporte sempre foi minha vida e tudo que me foi passado no profissional, eu passava para os meus alunos”, destaca. O curso de formação de árbitra veio em 2017, quando recebeu orientação de professores da área. A transição aconteceu de forma natural, por já apitar jogos de maneira informal entre suas jogadoras. “Eu já tinha uma noção de regras. Tenho um amigo árbitro chamado Nildo, lá de Arez [município a 59 km de Natal], que me incentivou muito nessa jornada. Ele me viu apitando futsal e disse que eu tinha postura para aquilo. De primeira, nem levei a sério. Eu falava que só queria jogar bola mesmo, mas foi uma coisa que ficou na minha cabeça”, recorda.

Mesmo sendo árbitra central, fez o curso inteiro para ser assistente. Ao completar a formação, entrou para o sindicato de árbitros amadores e passou a atuar nesse tipo de jogos. Foi em uma experiência negativa que veio a mudança de chave necessária. “Trabalhei com um árbitro que era péssimo. Quando levantava a bandeira para marcar falta, ele não seguia minhas indicações. Fiquei pensando se ele tinha algo contra mim ou só queria que eu me resumisse a marcar impedimento. Ao entrar em um trio de arbitragem, ali você é um só e precisa de todos para fazer um bom trabalho. Isso me incomodou dentro do campo”, relembra

Depois disso, pediu para não ser escalada com tal profissional e começou a perguntar o que seria necessário para apitar. Começou no futebol amador. O primeiro jogo foi um clássico no bairro Dix-Sept Rosado, em Natal. Escalada para o confronto, Mariana conta que aplicou pelo menos nove cartões amarelos no primeiro tempo.

Senti que os jogadores estavam me testando e já coloquei moral, mas foi um inferno. No segundo tempo, eles já passaram a me respeitar, parecia que eram outras equipes. Eu sabia me impor nas decisões difíceis e não demonstrava que estava intimidada, mas só Deus sabe. Por fim, terminamos tudo em paz e recebi elogios da comissão. Foi ali que eu decidi. Não tive curso, a minha escola foi no futebol amador”, diz

A FNF tomou conhecimento desse desenvolvimento e de sua vontade. A partir disso, passou a ter oportunidades oficiais nas categorias de base com aval da Federação. Todo seu trabalho árduo culminou em 2020, quando apitou o clássico entre Assu e Potiguar de Mossoró pelo Campeonato Estadual, tendo sua estreia profissional ao lado de Luciana e Edlene, e entrando para a história da arbitragem no Rio Grande do Norte

Para o quadro de arbitragem local, os candidatos passam por um teste anual. Uma avaliação teórica, composta por 20 questões sobre as regras de futebol, e um teste físico, o qual envolve atividades de corrida que variam para árbitros centrais e assistentes. A composição corporal é aferida por meio de exames. Depois disso, passam pelo chamado FIFA TEST - 40 tiros de 75 metros por 25 metros de descanso, que tem um índice básico de 15 segundos por tiro e 22 segundos de descanso entre um tiro e outro.

Quando assistente, eu sentia que faltava algo em mim. Não sou uma pessoa autoritária, mas eu queria me impor mais, mandar mais no jogo com decisões. Sempre gostei de lidar com as pressões da vida e, principalmente, de desafios. Vi que, para ser uma central, o desafio era maior”, diz. Hoje, Mariana trabalha 15 jogos por semana em média. “A rotina é uma loucura, mas é uma grande realização. Meu único dia de descanso é a segunda-feira, não atendo ligação nem se for do Papa”, brinca.

Atualmente, Mariana se afastou de jogos oficiais e pretende retornar o trabalho pela FNF no ano que vem. Um dos maiores desafios que enfrenta, além da falta de apoio da classe, é a própria desvalorização do trabalho por outras mulheres. Muitas foram as vezes em que chegou em casa chorando, devido ao desrespeito que sofria vindo da torcida nas arquibancadas.

isso de mulheres. Um cara, quando fala alguma coisa, entra por um ouvido e sai pelo outro. Mas, quando é uma mulher, fico pensando, ‘poxa, estou aqui nos representando, dando meu máximo’. Como é que uma mulher é capaz de dizer que eu devia estar lavando louça? O mundo já está contra a gente, temos que nos apoiar”, reflete

Sua irmã Manoela a tem como exemplo e inspiração. Quando soube dos planos para o curso de formação, sua reação inicial foi de surpresa. Apesar de sempre ter imaginado que Mariana seguiria no caminho do esporte, não imaginou que seria na arbitragem. Ao acompanhar essa jornada, afirma que foi difícil chegar ao patamar atual em uma área dominada por homens, começando pela turma que só teve sua irmã de formada.

Segundo Manoela, o apoio da família esteve presente com palavras de apoio. Todos acreditaram que se alguém conseguiria quebrar todas as barreiras desse árduo caminho, seria ela. “Hoje, sei que ela é inspiração para tantas outras mulheres que, assim como Mari, buscam seu espaço no mundo do futebol. O sentimento é de gratidão, porque ela conquistou o respeito dos jogadores e da própria classe de árbitros, e por saber que ela continua buscando seu espaço, dando voz e sendo voz para todas”, comenta.

Em sua fala, descreve uma grande satisfação em saber que Mariana chegou lá, perseverando, apesar de todos os desafios que precisou enfrentar. “Uma vez ela me disse que ia desistir porque não tinha como continuar pagando o curso. Mas, quando é para ser, o universo conspira a favor. Foi isso que aconteceu. Olhando para trás, dividindo esse peso com ela, posso dizer que, apesar de ter sido testada de todas as formas, ela perseverou e mostrou que lugar de mulher é onde ela quiser e que podemos tudo”, reforça a irmã

FNF, Matheus Lacerda, o último curso realizado pela Federação teve o valor de R$ 1.000. Quanto à remuneração dos árbitros centrais, explica que, tendo por índice o estadual sub17, a taxa é de R$ 103 por partida arbitrada. No Campeonato Potiguar, podem variar de R$ 851 a R$ 1.114, a depender do jogo, com acréscimo no valor em fase de semifinais e finais. Para aqueles que também pertencem ao quadro da CBF, essas taxas podem subir. Em geral, os assistentes recebem 60% do valor pago aos centrais. Nacionalmente, a remuneração varia de acordo com a série do campeonato, com um profissional de Brasileirão A podendo receber até R$ 4.000.

FONTE - HTTPS://REPOSITORIO.UFRN.BR/BITSTREAM

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